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2012 - Livro Vermelho 2013

Richardia stellaris (Cham. & Schltdl.) Steud. NT

Informações da avaliação de risco de extinção


Data: 12-06-2012

Criterio:

Avaliador:

Revisor: Miguel d'Avila de Moraes

Analista(s) de Dados: CNCFlora

Analista(s) SIG:

Especialista(s):


Justificativa

Espécie herbácea de campos de altitude e florestas abaixo de 1800 m de altitude, encontrada em São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Paraná. Não é endêmica do Brasil e, no país, tem extensão de ocorrência de 262.309 km² e área de ocupação de 48 km². Conhecida de 8 situações de ameaça, Carandaí (MG), Botucatu, São Paulo, Itapetininga, Moji das Cruzes (SP), Antônio João (MS), Jaguariaíva, Palmeira (PR). Coletada doze vezes entre 1918 e 1998. Quase ameaçada pela perda de área de ocupação e da qualidade do habitat devido ao desmatamento. Por ocorrência em fisionomias campestres a florestais não foi possível utilizar o critério B2.

Taxonomia atual

Atenção: as informações de taxonomia atuais podem ser diferentes das da data da avaliação.

Nome válido: Richardia stellaris (Cham. & Schltdl.) Steud.;

Família: Rubiaceae

Sinônimos:

  • > Richardia astroites ;
  • > Richardia pedicellata var. micrantha ;
  • > Richardsonia astroites ;
  • > Richardsonia stellaris ;

Mapa de ocorrência

- Ver metodologia

Informações sobre a espécie


Notas Taxonômicas

Descrita em Nomencl. Bot. ed.2. 459. 1841. Espécie semelhante e muitas vezes confundida com R. coldenioides e R. schumannii (Lewis; Oliver, 1974).

Dados populacionais

Em levantamento fitossociológico de um campo limpo, no estado do Rio Grande do Sul, foram amostrados 5 indivíduos em 16 parcelas de 50m² (Boldrini; Miotto, 1987).

Distribuição

Ocorre nos estados do Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (Cabral; Salas, 2012); até 1800m de altitude (Lewis; Oliver, 1974).

Ecologia

Caracteriza-se por ervas perenes (Bacigalupo; Cabral, 2007); floração de Setembro a Abril, raramente depois deste período (Lewis; Oliver, 1974).

Ameaças

1 Habitat Loss/Degradation (human induced)
Detalhes AMata Atlântica já perdeu mais de 93% de sua área e menos de 100.000 km² de vegetação remanesce.Algumas áreas de endemismo, agora possuem menos de 5% de sua floresta original. Dez porcento da cobertura florestal remanescentefoi perdida entre 1989 e 2000 apenas, apesar de investimentos consideráveis emvigilância e proteção. Antes cobrindo áreasenormes, as florestas remanescentes foram reduzidas a vários arquipélagos defragmentos florestais muito pequenos, bastante separados entre si. As matas do nordeste já estavam em grande parte devastadas (criaçãode gado e exploração de madeira mandada para a Europa) no século XVI. As causas imediatasda perda de habitat são: a sobrexplotação dos recursos florestais por populaçõeshumanas (madeira, frutos, lenha, caça) e a exploração da terra para uso humano(pastos, agricultura e silvicultura). Subsídios do governo brasileiroaceleraram a expansão da agricultura e estimularam a superprodução agrícola(açúcar, café e soja). A derrubada deflorestas foi especialmente severa nas últimas três décadas; 11.650km2 deflorestas foram perdidos nos últimos 15 anos (284 km² por dia). Em adição à incessante perda dehábitat, as matas remanescentes continuam a ser degradadas pela extração delenha, exploração madeireira ilegal, coleta de plantas e produtos vegetais einvasão por espécies exóticas (Tabarelli, M. et al., 2005).

1 Habitat Loss/Degradation (human induced)
Detalhes Adegradação do solo e dos ecossistemas nativos e a dispersão de espéciesexóticas são as maiores e mais amplas ameaças à biodiversidade. A partir de ummanejo deficiente do solo, a erosão pode ser alta: em plantios convencionais desoja, a perda da camada superficial do solo é, em média, de 25ton/ha/ano.Aproximadamente 45.000km2 do Cerrado correspondem a áreas abandonadas, onde aerosão pode ser tão elevada quanto a perda de 130ton/ha/ano. O amplo uso degramíneas africanas para a formação de pastagens é prejudicial àbiodiversidade, aos ciclos de queimadas e à capacidade produtiva dosecossistemas. Para a formação das pastagens, os cerrados são inicialmentelimpos e queimados e, então, semeados com gramíneas africanas, como Andropogongayanus Kunth., Brachiaria brizantha (Hochst. ex. A. Rich) Stapf, B. decumbens Stapf, Hyparrhenia rufa (Nees) Stapf eMelinis minutiflora Beauv. (molassa ou capim-gordura). Metade das pastagensplantadas (cerca de 250.000km2 - uma área equivalente ao estado de São Paulo)está degradada e sustenta poucas cabeças de gado em virtude da reduzidacobertura de plantas, invasão de espécies não palatáveis e cupinzeiros (Klink; Machado, 2005).

1.1.4 Livestock
Detalhes Asregiões de campo da Serra do Sudeste do estado do Rio Grande do Sul, pela poucaprofundidade do solo, não permite o desenvolvimento de uma agricultura pujantee economicamente rentável. A principal atividade geradora de renda é abovinocultura e a ovinocultura. A limpeza das áreas de campo é freqüente naregião, como o uso do fogo e do corte de plantas arbustivas. Tais práticas são,segundo produtores locais seculares e servem paraconter o avanço da vegetação arbustiva e arbórea sobre o campo, ou para destruir a palha seca e permitir a produção de novosbrotos, apreciados pelo gado. Aprática do fogo também é adotada em outras regiões do estado, como na DepressãoCentral (Caporal, 2006).

1 Habitat Loss/Degradation (human induced)
Detalhes Osecossistemas de pastagem natural encontram-se em processo de permanentedegradação em todo o mundo, em decorrência do superpastejo, da utilizaçãoexcessiva do fogo ou simplesmente pela substituição por lavouras. No Rio Grandedo Sul, em 1942, esta formação vegetal ocupava cerca de 46,26% do território,enquanto atualmente ocupa cerca de 10,5 milhões de hectares, ou seja, 37% doterritório, apesar de seu valor econômico, por constituir aprincipal fonte de alimentação para o rebanho bovino e ovino do estado, e doseu valor ecológico, dada a extraordinária diversidade de espécies (Maia et al., 2003).

Ações de conservação

1.2.1.3 Sub-national level
Situação: on going
Observações: Considerada Presumivelmente Extinta (EX) pela Lista vermelha da flora de São Paulo (SMA-SP, 2004).

Referências

- CABRAL, E.; SALAS, R. Richardia stellaris in Richardia in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Disponivel em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2012/FB014241>.

- LEWIS, W.H.; OLIVER, R.L. Revision of Richardia (Rubiaceae)., Brittonia, v.26, p.271-301, 1974.

- BACIGALUPO, N.M.; CABRAL, E.L. Richardia (Rubiaceae). In: MELHEM, T.S.; WANDERLEY, M.G.L.; MARTINS, S.E.; JUNG-MENDAÇOLLI, S.L.; SHEPHERD, G.J.; KIRIZAWA, M. Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo. São Paulo: FAPESP, p.415-418, 2007.

- CAPORAL, F.J.M. Ecologia de um campo manejado na Serra do Sudeste, Canguçu, Rio Grande do Sul, Brasil. Mestrado. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2006.

- MAIA, F.C.; MEDEIROS, R.B.; PILLAR, V.P. ET AL. Composição, riqueza e padrão de variação do banco de sementes do solo em função da vegetação de um ecossistema de pastagem natural., Iheringia, v.58, p.61-80, 2003.

- BOLDRINI, I.I.; MIOTTO, S.T.S. Levantamento fitossociológico de um campo limpo da Estação Experimental Agronômica, UFRGS, Guaíba, RS - 1° etapa., Acta Botanica Brasilica, p.49-56, 1987.

- ZAPPI, D.; BARBOSA, M.R.V.; CALIÓ, M.F. ET AL. Rubiaceae. In: STEHMANN, J.R.; FORZZA, R.C.; SALINO, A. ET AL. Plantas da Floresta Atlântica. 2009.

- KLINK, C.A.; MACHADO, R.B. A conservação do Cerrado Brasileiro., Megadiversidade, p.147-155, 2005.

- TABARELLI, M.; PINTO, L.P.; SILVA, J.M.C.; ET AL. Desafios e oportunidades para a conservação da biodiversidade na Mata Atlântica brasileira., Megadiversidade, p.132-138, 2005.

Como citar

CNCFlora. Richardia stellaris in Lista Vermelha da flora brasileira versão 2012.2 Centro Nacional de Conservação da Flora. Disponível em <http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/pt-br/profile/Richardia stellaris>. Acesso em .


Última edição por CNCFlora em 12/06/2012 - 14:32:27